O Invisível nos salta aos olhos
Quantas
vezes você já notou que as pessoas da sua casa não te enxergam? Se você não
estiver atrapalhando ou sendo convenientemente útil, nem notam que você está ai
lendo um texto na internet de boa? E pensar que é muito normal ficarmos tomados
pela culpa ao ignorar as pessoas em condições de rua, fingir que não os vemos
não é a mesma coisa de não ver. Ainda assim, lá no fundo, a condição ruim ou até
mesmo a fatalidade de um estranho te traz um alívio inconsciente de que aquela
tristeza não é sua... e as tristezas que você não enxerga? Aquelas na sua casa?
As crianças crescem e não ‘incomodam’ mais... talvez seja um sinal de
depressão.
As
vezes parece que não somos vistos, e provavelmente não somos notados assim como
a ponta do seu nariz... o cérebro ‘apaga’ essa informação para você enxergar o
horizonte, e assim como não somos vistos, as vezes não vemos nossos entes
dentro de nossa própria casa com o mesmo olhar que direcionamos ao estranho que
teve a máxima coragem de pedir ajuda a um estranho completamente desconhecido,
normalmente você também.
O
mais complicado é se tocar disso, o tal do olhar para si mesmo primeiro para
poder entender o mundo a sua volta... e isso não saiu de um estudo elaborado e
específico da sociedade humana, eu estava conversando com meu filho sobre o ‘hype’
que vem tendo o Rock Progressivo (Uma volta dos que não foram), e ao desenrolar
dos assuntos citou o seu professor de introdução a pesquisa, que além de
professor também é psicólogo (ou vice-versa), e essa ‘invisibilidade cotidiana’
caiu como aquela feijoada supertemperada... pesou.
Passamos
a tarde vendo o preço de coisas que não vamos comprar, um dos meus programas
preferidos, depois de comer o ‘xis’ da padaria, e aquela história de não ser
notado se não for por um extremo... será que também não é a razão de alguns
relacionamentos ‘acabarem do nada’, quer dizer, um ou outro parceiro, quando
não os dois, param de se notar, se ver, elogiar a mudança do cabelo, ou
comentar a falta dele em alguns casos, enfim... deixaram de se ‘paquerar’ a
ponto de estranharem por que estão juntos, e lá se vai mais um divórcio que
veio ‘do nada’, aquele nada que vai tomando conta dos espaços entre o casal,
dos pais com seus filhos, da relação entre irmãos, e é engraçado: dessa vez
realmente alguém deixou MESMO de ver outro alguém, não foi aquele instinto de
virar o rosto ou evitar o contato visual para não ter que justificar por que
você não pode dar algumas moedas (que provavelmente você vai perder no vão do
sofá) para algum estranho.
Grande Fábio, Sensacional observação, que realmente possamos dedicar um tempo com quem esta ao nosso lado, e descobrir que é o melhor tempo investido.
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