Procurando a sonoridade

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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Fratturando a sociedade escravista...


O Rappa já trouxe a dica, Secos e Molhados em outro momento também... ser negro e pobre no Brasil é ser alvo. Alvo de preconceito, alvo de balas ‘perdidas’, alvo de uma culpa que foi imposta pela abolição mal planejada.
A abolição da escravatura era necessária, claro, mas o planejamento e infraestrutura para integrar o povo livre na sociedade não foi implementado, tanto em 1888 quanto nos dias de hoje... a marginalização começou ali, e hoje não se limita a cor da pele e também ao poder aquisitivo, local de nascimento, religião (ou falta dela), orientação sexual e ai por diante.
Os mais velhos que eu costumam dizer que o Brasil é uma péssima mãe e uma bela madrasta, nossa sociedade insiste em ‘aparentar’ estar tudo bem enquanto não investe em educação escolar para seu povo, a fim que o próprio povo possa dar uma boa criação ao seus filhos, ao contrário, o governo insiste em tentar ‘criar’ os filhos da pátria e deixar a educação de lado. Isso em um cenário fundamental, sem me aprofundar no desprezo pela ciência e desenvolvimento que o incentivo a pesquisa poderia favorecer, fazendo com que toda pesquisa existente no país dependa de financiamento estrangeiro.
Mas que caminho tortuoso nos faz lembrar que uma falta de planejamento de infraestrutura a 132 (cento e trinta e dois) anos atrás conseguiu deixar gerações marginalizadas até hoje, que além de ser renegados ao mais baixo nível de integração, as pessoas em situação de rua preenchem cada marquise que esteja a vista (mesmo quando a sociedade insiste em não olhar).
O governo não administra. Não tem feito, com raríssimas exceções, nenhum trabalho em favor do desenvolvimento do nosso povo, pelo contrário, reprime as manifestações culturais que identificam nosso povo, ao exemplo dos bailes funk, e assassina nosso folclore com substitutos ‘enlatados’.
Cada vez mais, por exemplo, a lembrança de crianças brincando de roda (espontaneamente, não na creche) fica mais longe. Brinca na rua, no parquinho do condomínio que seja, é uma ferramenta insubstituível de aprendizado para se conviver em sociedade, e o medo que temos que acontecer alguma coisa com nossas crianças nos faz cometer o crime de não deixar acontecer nada com nossas crianças, inclusive errarem para aprenderem com seus erros e assim, crescerem.
Olho para traz, um saudosismo que não me serve de nada, e procuro achar o começo desse emaranhado de erros... não tem muito jeito, afinal o passado já estabelecido e ignorado faz o povo cometer os mesmo erros, muitas vezes piores.
O povo brasileiro tem tantas qualidades... mas nunca o povo brasileiro vai enaltece-las, por um costume de subserviência implantado lá na colonização, preferimos nos menosprezar e implorar pela piedade, não conseguimos valorizar a nossa família, sempre usando o outro como comparativo que deixa o comparado para baixo: “O filho de fulano tem um cargo importante...” ou “Eu vou pra (qualquer outro país) por que lá é muito melhor que aqui”. Não foi trabalhado a filosofia de fazer aqui ser melhor do que lá? Quem tem interesse nisso? Somos o maior pais do sul do mundo, em extensão territorial e populacional não existe comparação abaixo da linha do equador, e a troco de que insistem que este gigante não se levante? Não tenha a própria cultura, não enalteça seus índios? Não valorize seu filhos e filhas que tanto contribuem para o desenvolvimento do país?

 Benjamin de Oliveira, foi um artista, compositor, cantor, ator e palhaço de circo brasileiro. Ele é mais conhecido por ser o primeiro palhaço negro do Brasil.

Vou deixar essas perguntas, pois não consigo me atrever a apresentar respostas, minha opinião não deve ser mais importante que seu próprio descobrimento, e já que o carnaval acabou, feliz ano novo.

Um comentário:

  1. O preconceito aos negros é totalmente camuflado pela sociedade, ninguém quer admitir, mas infelizmente está ao nosso redor. É difícil mudar esta realidade. As tentativas de alguma mudança são como passos de tartaruga

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