O Rappa já
trouxe a dica, Secos e Molhados em outro momento também... ser negro e pobre no
Brasil é ser alvo. Alvo de preconceito, alvo de balas ‘perdidas’, alvo de uma
culpa que foi imposta pela abolição mal planejada.
A abolição da
escravatura era necessária, claro, mas o planejamento e infraestrutura para integrar
o povo livre na sociedade não foi implementado, tanto em 1888 quanto nos dias
de hoje... a marginalização começou ali, e hoje não se limita a cor da pele e
também ao poder aquisitivo, local de nascimento, religião (ou falta dela),
orientação sexual e ai por diante.
Os mais
velhos que eu costumam dizer que o Brasil é uma péssima mãe e uma bela
madrasta, nossa sociedade insiste em ‘aparentar’ estar tudo bem enquanto não
investe em educação escolar para seu povo, a fim que o próprio povo possa dar uma
boa criação ao seus filhos, ao contrário, o governo insiste em tentar ‘criar’
os filhos da pátria e deixar a educação de lado. Isso em um cenário fundamental,
sem me aprofundar no desprezo pela ciência e desenvolvimento que o incentivo a
pesquisa poderia favorecer, fazendo com que toda pesquisa existente no país
dependa de financiamento estrangeiro.
Mas que
caminho tortuoso nos faz lembrar que uma falta de planejamento de infraestrutura
a 132 (cento e trinta e dois) anos atrás conseguiu deixar gerações
marginalizadas até hoje, que além de ser renegados ao mais baixo nível de
integração, as pessoas em situação de rua preenchem cada marquise que esteja a
vista (mesmo quando a sociedade insiste em não olhar).
O governo não
administra. Não tem feito, com raríssimas exceções, nenhum trabalho em favor do
desenvolvimento do nosso povo, pelo contrário, reprime as manifestações culturais
que identificam nosso povo, ao exemplo dos bailes funk, e assassina nosso
folclore com substitutos ‘enlatados’.
Cada vez
mais, por exemplo, a lembrança de crianças brincando de roda (espontaneamente,
não na creche) fica mais longe. Brinca na rua, no parquinho do condomínio que
seja, é uma ferramenta insubstituível de aprendizado para se conviver em
sociedade, e o medo que temos que acontecer alguma coisa com nossas crianças
nos faz cometer o crime de não deixar acontecer nada com nossas crianças,
inclusive errarem para aprenderem com seus erros e assim, crescerem.
Olho para
traz, um saudosismo que não me serve de nada, e procuro achar o começo desse
emaranhado de erros... não tem muito jeito, afinal o passado já estabelecido e
ignorado faz o povo cometer os mesmo erros, muitas vezes piores.
O povo
brasileiro tem tantas qualidades... mas nunca o povo brasileiro vai
enaltece-las, por um costume de subserviência implantado lá na colonização,
preferimos nos menosprezar e implorar pela piedade, não conseguimos valorizar a
nossa família, sempre usando o outro como comparativo que deixa o comparado
para baixo: “O filho de fulano tem um cargo importante...” ou “Eu vou pra
(qualquer outro país) por que lá é muito melhor que aqui”. Não foi trabalhado a
filosofia de fazer aqui ser melhor do que lá? Quem tem interesse nisso? Somos o
maior pais do sul do mundo, em extensão territorial e populacional não existe
comparação abaixo da linha do equador, e a troco de que insistem que este
gigante não se levante? Não tenha a própria cultura, não enalteça seus índios?
Não valorize seu filhos e filhas que tanto contribuem para o desenvolvimento do
país?
Benjamin de Oliveira, foi um artista, compositor, cantor, ator e palhaço de circo brasileiro. Ele é mais conhecido por ser o primeiro palhaço negro do Brasil. |
Vou deixar
essas perguntas, pois não consigo me atrever a apresentar respostas, minha
opinião não deve ser mais importante que seu próprio descobrimento, e já que o
carnaval acabou, feliz ano novo.