Segundo Fátima Bessa, um dos aspectos mais influentes da internet na vida
das pessoas está relacionado com o mundo dos negócios e com a forma como interfere
nos processos de gestão empresarial, na criação de novos conceitos de economia, na
nova visão do trabalho e no incremento da produtividade e competitividade à luz da
inovação.
Em análise ao livro “A Galáxia Internet” de Manuel Castells, Bessa aponta
exemplos que sustentam uma visão realista e politicamente descomprometida. Podemos
salientar, que esse descomprometimento político foi o que proporcionou o levante
da internet como a grande e essencialmente mais popular e includente forma de
comunicação da atualidade.
Na questão dos então chamados ‘web negócios’, a autora destaca que os
negócios eletrônicos abrangem todo tipo de operações econômicas, sejam, comerciais,
financeiras e relacionais que se desenrolam através dos recursos da internet. Na
definição de Castells, empresa-rede é uma “organização flexível da atividade econômica
constituída em torno de projetos empresariais específicos levados a cabo por redes
de composição e origem diversa” (p 90), que faz a economia proceder dentro de
parâmetros de cooperação entre vários setores empresariais e entre diversas empresas.
Em analise as questões do capital e a sua relação com a internet, Fátima
demonstra como o setor tecnológico atraiu muito capital e desprendeu assim a nova
economia. A interdependência entre o desenvolvimento tecnológico, investimento
e geração de recursos produziram novas práticas de mercado as quais movimentam
financeiramente esta economia a ponto de mesclar os conceitos de empresa e rede,
prevalecendo como estímulo o caráter volúvel e flexível que a informação eletrônica
introduz, em tempo real, nas oscilações financeiras, trazendo os comportamentos do
mercado liderados por uma ‘paranóia global’ que constantemente desafia as fatores
econômicos.
Afastando-se do marxismo o trabalho como patrimônio de maior importância
para o desenvolvimento econômico no contexto de ‘e-comerce’ orientado por processos
tecnológicos e baseado na comunicação de rede, o que traz novas exigências ao nível
de qualidade. Em diálogo com a obra de Castells, citamos o trabalho ‘autoprogramável’
para explicar de que maneira a nova economia gerou um novo conceito de trabalho,
que, por sua vez, depende de uma educação diferente, mas vejamos, se a economia e
recursos tecnológicos estão em constante desenvolvimento, o trabalho e a educação para
tal também devem estar inseridos nesta dinâmica.
Castells e Bessa convergem à defesa de uma educação ao longo da vida, pelo
fato das mudanças constantes e da incessante necessidade de atualização nos campos da
tecnologia, economia, trabalho e educação.
Destaca-se também, a mudança do espírito empresarial, o qual tem criado
novas formas de segurar o capital de trabalho através de processos engenhosos e muito
rentáveis para as empresas. Os trabalhadores qualificados são ‘aliciados’ a receberem,
não só os seus salários em valor pecuniário, como também a receberem opções de
ações, vinculando-se às empresas que os empregam, assumindo um compromisso maior
com o projeto empresarial, originando um novo tipo de trabalhador com aspirações a
tornar-se patrão no limiar de um ponto de independência econômica que possibilite
mudar o seu capital intelectual para a criação do seu próprio negócio, segundo
Castells “uma das surpresas históricas da e-economia’. (p. 119)
Desta maneira, podemos concluir que o surgimento da economia eletrônica
não teve em seu desenrolar os fatores negativos vinculados ao surgimento de uma
nova economia, que são a inflação e o desemprego, mas sim o surgimento de uma
concorrência mais aberta e franca, desde que devidamente compartilhado, nas palavras
de Castells: “embora a produtividade e a competitividade sejam fatores que estão
na base do alto crescimento econômico sem inflação, e a inovação seja o motor da
economia, o financiamento é a base de tudo.” (p 133).
Referência: Bessa, Fátima – Recensão – A Galáxia Internet de Manuel Castells – 2007/
2008
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